O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse, na terça-feira, 6, que não há possibilidade de ser criada uma vacina contra a dengue no Brasil nos próximos dez anos.
Apesar de existirem vários grupos pesquisando em instituições brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e empresas privadas, não há perspectivas de resultados imediatos. Mesmo assim, o governo pretende apoiar os grupos em que as pesquisas estiverem mais avançadas.
"A vacina é complexa porque tem que proteger dos quatro sorotipos ao mesmo tempo. Ou seja, você tem que ter numa única vacina quatro antígenos. Eles têm que se integrar, ter estabilidade e dar uma reposta imunológica importante. Por isso, é tão complicado”, explicou o ministro.
Para ele, a inviabilidade da vacina a curto prazo mostra que, em vez de acreditar em “fantasias”, é preciso de trabalhar cada vez mais para reduzir a infestação pelo mosquito Aedes aegypti.
Segundo Temporão, existem três dimensões a serem contempladas para combater a dengue. A primeira refere-se a questões estruturais das cidades que inviabilizam a atuação adequada do cidadão, como a falta de gestão do lixo e de abastecimento de água.
O ministro disse que 18 milhões de pessoas que vivem em áreas urbanas no Brasil ainda não têm água encanada. Por isso, eles são obrigados a acumular água em recipientes e reservatórios, que podem se tornar criadouros de mosquitos.
Mais de 63% dos municípios brasileiros mantêm lixões que favorecem o acúmulo de água entre entulhos e detritos. “É preciso ações coordenadas numa política intersetorial que enfrente a questão do lixo e da oferta irregular de água”, disse Temporão.
O segundo problema é que não existem campanhas mensais educativas e de mobilização nos municípios para descobrir focos potenciais de proliferação do mosquito e limpar a cidade.
Por último, Temporão apontou o papel do sistema de saúde. “Se tudo falhar e a doença chegar, o sistema de saúde tem que dar conta e estar organizado adequadamente, com uma rede de atenção primária forte, para evitar o óbito”.
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